Eu, em especial, não tenho a greve como um princípio. Porém, o espaço legítimo de debate e discussão sobre os rumos dos docentes é a assembléia docente convocada pela instituição que representa a categoria e o momento da greve também pode revelar um amplo espaço de aprendizagem e de formação teórica, política e social.
Mesmo que esta instituição viva uma crise de direção (sim, as direções passam..., não têm mandato vitalício), acredito que a ASDUERJ tenha uma história desde seu nascedouro e, provavelmente, deve ter errado muito, como também, deve ter acertado bastante. Na minha visão, o "clima divisionista" explicitado no período desta greve revela um grandioso perigo: quanto mais nos dividimos, mais nos enfraquecemos!
Este fracionamento tende a interferir em nosso trabalho cotidiano. Não dá para "radicalizar" esta fragmentação de modo dicotomizado: grevistas x não grevistas, quem acredita na ASDUERJ x quem não acredita na ASDUERJ, profissionais sérios x picaretas, bons x maus...
Reduzir todo o processo a uma lógica maniqueísta é, no mínimo, reduzir toda a capacidade de produção intelectual, científica e cultural daqueles que fazerm a UERJ, cotidianamente: nós, docentes da Universidade, os alunos e o pessoal técnico-administrativo. Nossa luta deve ser organizada em prol do fortalecimento da Universidade Pública de Qualidade!!
Espero que o processo histórico vivido possa nos remeter a profundas reflexões e análises sobre nosso papel como educadores e pesquisadores dessa grande universidade. Os seus rumos dependem da nossa capacidade de autocrítica, bem como da nossa capacidade de lidar com as contradições inerentes aos conflitos sociais e ideológicos e da nossa capacidade de reunificar os docentes, trabalhadores que, efetivamente, constroem todos os dias a UERJ. Os embates ideológicos são sadios para fazermos avançar uma organizaçao de forma coesa, com unidade e com princípios éticos e solidários.